sexta-feira, 8 de março de 2013

Adeus, Chorão.

Quarta-Feira, 06 de Março de 2013. 08h15min da manhã. Pouco mais de 45 minutos para despertar e partir rumo a mais um dia de trabalho. De repente, flagro minha mãe num tom meio confuso e desesperado dizendo ao meu pai: Aquele cantor famoso morreu, é algo com BROWN o nome dele. Meu pai, meio sonolento responde: O MANO BROWN MORREU? Mãe: Acho que sim. Meu pai rapidamente ligou o rádio, e em poucos instantes ouvi a seguinte frase: Não foi o mano brown, foi o chorão do Charlie Brown. No ato, entrei no twitter pelo celular, e tive a confirmação através dos tweets em tom desesperador da galera: Chorão estava MESMO morto.

No ato, a ficha se recusou a cair (e até agora não caiu). A vontade de chorar foi inevitável, e após pegar mais alguns minutos no cochilo, acordei e pensei: ufa, não passou de um sonho. Entrei novamente no twitter, e não, não era um pesadelo, era real. O cara que me ensinou a nunca desistir, nem ganhar nem perder, mas procurar evoluir havia perdido sua última, e talvez principal batalha contra a depressão. 




A depressão derrubou mais um gigante no mundo da música. Me lembro perfeitamente de ainda pivete, ter escutado o “Transpiração Contínua Prolongada” e a partir dali, ter virado um fã incondicional dos loucos do Charlie Brown Jr. Chorão e sua banda, foram capazes de criar melodias que se encaixaram em TODOS (eu disse todos) os principais momentos da minha vida. Quem já ouviu “Só por uma noite” num momento de “amor não correspondido”, “Senhor do Tempo” nos momentos de reflexão ou dedicou “Ela vai voltar (Todos os defeitos de uma mulher perfeita).” pra namorada, sabe do que eu estou falando.

Ao longo dos anos, aprendi com o senhor Alexandre Magno, que quem não respeita o pai não respeita ninguém porque um homem de verdade vai ser pai também. Aprendi que quando você luta de verdade pela mulher da sua vida, você pode até não conhecer todas as flores, mas vai mandar todas que puder. Chorão também me ensinou na adolescência, que o jovem no Brasil nunca é levado a sério, mas que não se pode parar de lutar, senão não muda. O senhor Alexandre tinha o apelido de chorão, mas mostrou a todos que nasceu pobre, mas não nasceu otário e que o segredo do sucesso? Ah, estava no famoso sino dourado.




Andar de skate e ouvir “di sk8 eu vou” era de lei. Não chorar ouvindo “Como tudo deve ser”? Ficou ainda mais impossível. Junto com o chorão, provavelmente está decretada a morte da banda que foi sucesso na vida e na mente de toda uma geração de jovens espalhada por aí.

Queria deixar aqui no blog, minha última homenagem ao cara que tinha a habilidade de fazer histórias tristes virarem melodia. Ao cara que era completamente louco, mas um louco consciente. Ao cara que podia não ser o "Senhor do Tempo", mas sabia que ia chover. Ao cara que sabia que vivia num mundo onde ninguém entendia um sonho, onde ninguém sabia mais amar, mas que mesmo assim, nunca se esqueceu de lutar pelo que era seu.

Por fim, muito obrigado a você, Alexandre Magno Abrão. Tenho certeza de que você descansará em paz, afinal, você foi o homem que descobriu muito antes dos outros, que “É azul a cor da parede da casa de Deus”. Fique ao lado Dele, e aproveite bastante, afinal, como eu li por aí,  esse CÉU AZUL, agora é todo seu.



Obrigado. Obrigado. Obrigado.

Guilherme Olimpio

Um dos discursos mais fodas do chorão.


Obs.: Morre mais um homem, nasce mais uma lenda. #ChorãoEterno.

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